Yo, mina-san!
Hoje
falaremos de um clássico dos animes seinen: Monster. Um anime que, apesar da
qualidade e popularidade com os fãs do estilo, não foi conhecido por grande
parte do público fora do Japão. Vivendo pela margem do mainstream. Mas apesar
das limitações do formato de mangá/anime, nos trás uma história tão magnífica e
completa sobre a violência humana e a morte quanto qualquer livro ou filme
premiado.
Podendo ser comparado aos contos
mórbidos do lendário Edgar Poe, Monster é um retrato da perversidade humana, do
culto da morte e da mistificação do sentido da vida.
Pôster promocional com o protagonista, Kenzou Tenma, na foto |
Bom, agora vamos ao que
interessa!
Monster é um anime baseado na
obra de Naoki Urasawa, de 1994. Teve sua adaptação para as telas em 2004, pelo
estúdio Madhouse, com direção de Masayuki Kojima, e contando com 74 episódios.
O anime conta a história de Kenzou
Tenma, um famoso neurocirurgião que salva um menino da morte, contra as ordens
de seus superiores. Uma decisão que, apesar de ser a correta, o coloca no
centro dos planos de um assassino serial e destroem sua vida pessoal e
profissional.
Os holofotes não ficam apenas em torno do Doutor Tenma. A trama trás vários personagens que, de certa forma, dividem o protagonismo e a nossa atenção — ou ódio. O próprio antagonista (que não direi o nome por motivos óbvios de spoiler, mas que todo mundo já deve saber :p) é parte importante para a construção do sentido de “bem e mal” dentro da série. Vivendo sempre em contradição moral com o seu outro extremo (Doutor Tenma), mas, também, sempre nos lembrando, que um não existe sem o outro. Uma ideia de equilíbrio provinda da dualidade e da relatividade, onde nada é absoluto. A luz não existe sem a escuridão; a morte não existe sem a vida; a bondade não existe sem a maldade, e por aí vai — não, não é como Naruto e Sasuke xD
A única coisa em que todos os humanos são iguais é a morte. |
Seguindo essa filosofia, temos algo de bom e algo de ruim dentro de nós. O que fazemos é balancear as duas coisas e tentar viver em harmonia. Mas a harmonia não seria uma ilusão? Neste ponto, o anime trás uma ótima crítica social: a de que não existe igualdade entre os homens. Na verdade, ela é impossível. Vivemos como predadores, ou lobos, uns dos outros — quem aí conhece Thomas Hobbes? :p. E a resposta, meus drugues, pelo menos para nosso antagonista, é a morte.
Dentro
dessa ideia há a noção de que o mal já existe dentro de nós, mas que deve ser
elevado a ponto de sua finalidade resultar em algo bom. O “monstro” que vive
dentro de todos nós não pode ser contido, como consequência, ele deve ser passado.
E quem fica para trás, abandonado como carniça, encontra a harmonia, finalmente,
no pós-vida.
Mas nem tudo é depressão e morte neste anime. Em contrapartida desta visão extremista, há o caminho de nosso protagonista, de acabar com o mal e buscar redenção. Um caminho guiado por fortes princípios morais e um senso de justiça absoluto.
"Se fica na escuridão, será engolida pela escuridão... Acenda a luz sobre ela." Kenzou Tenma
A mensagem principal desta nova ideia é que nossas escolhas são maiores que o bem ou o mal. Todos somos iguais e capazes de fazer a melhor decisão e ter a melhor conduta.
Bom, Monster é uma obra que não passa despercebida por quem assiste. Com certeza afeta qualquer um que a assista, não importando o gosto. A trajetória do doutor Tenma é uma lição de vida e nos ensina novas coisas em cada capítulo.
Para quem ficou até o final:
O Monstro sem Nome é um conto infantil criado dentro da obra, como uma alegoria desses ideais presentes na trama. Segue o vídeo para apreciarem — ou se assustarem, porque é macabro! xD
Agora
o que todos esperavam... as músicas!
Abertura: "GRAIN" de Kuniaki
Haishima;
Encerramentos: "For The Love of Life" de David
Sylvian (episódios 01-33);
"Make It Home" de Fujiko Heming (episódios
34-74).
Desculpem o tamanho da postagem, mas tudo neste anime não pode ser simplificado.
Enfim, assistam Monster! Realmente vale cada minuto do 74 capítulos!